quinta-feira, 16 de junho de 2011

SPFW: balanço 3º dia

Dia encorpado, com apresentação externa contagiante da Cavalera pela manhã, almoço com o rigor chique psicodélico da Gloria Coelho, tarde de retorno do Mario Queiroz e dos "pesos pesados do cool nacional", Osklen e Huis Clos. Para encerrar, apresentação estrelada da Colcci, moderando os anos 1970 e esquentando a noite fria da capital paulista com Alessandra Ambrósio e Ashton Kutcher na passarela. Veja como foi.

Cavalera
 
O Parque do Ibirapuera serviu de moldura para uma inacreditável parada do Dia dos Mortos, com direito a caveiras dançantes, estandartes coloridos e lutadores de luta livre tatuados. Todos ao mesmo tempo e misturados ao casting para compor o caos planejado da Cavalera. Com a pintora Frida Kahlo como musa, a marca liberou a imaginação em apresentação vibrante, divertida e afinada de verdade com seu DNA. Cortes inventivos nos vestidos, calças boca-de-sino bem resolvidas, bermudas de gancho baixo e peças com inserção de partes em tear colorido são apenas alguns dos bons momentos da coleção.

Gloria Coelho
 
Citar astrologia e psicodelia, falar de “roupas com energia de amor e intenção de cura” e de X-Men, além de fornecer datas específicas como fonte de pesquisa, os anos de 1967, 1968, 1969, 1979 e 2011, mesmo que nos escape o motivo exato da precisão, nem causa espanto quando se trata da Gloria Coelho. Para fazer a roupa depurada e rigorosa que faz, ela adota referências prolixas e é sobre esse paradoxo que definiu seu estilo. Desta vez ela abriu o desfile com um bonito recurso, embutindo a cor na estampa em camada interna revelada através dos cortes no couro. Na sequência ela se permite incluir uma silhueta de cara de vaca recortada e aplicada sobre um fundo em cores e também no couro, passando assim uma ideia de paisagem. Tudo que o couro permite, e que interessa ao repertório dela, Gloria soube aproveitar. Ainda que ela trabalhe o nylon, a transparência da organza e os cristais, divida em muitas partes vestidos coloridos e de aspecto plástico, é ele que orienta o raciocínio de construção e conduz a coleção.

Mario Queiroz
 
O estilista está de volta à temporada de desfiles. Para marcar o acontecimento, ele assina também uma inédita linha feminina. A visão que Mario oferece do modernismo do começo do século 20, base de inspiração das duas vertentes da coleção, é sóbria, arquitetônica e dispensa a cor para valorizar a forma, as texturas e a função. Em cinza, preto e branco, com alguns lampejos metalizados, os cortes em tricoline e jacquards têm origem no guarda-roupa masculino. A modelagem é definida pelo corpo para elas e solta dele no caso dos rapazes, em silhueta desenhada pelo caimento dos tecidos e encurtamento dos paletós. No seu retorno, Mario anda por caminhos próprios, diferentes daqueles que levam ao tropicalismo da estação.

Huis Clos
 
Pode-se dizer que a assinatura da marca é definida em parte por um processo de subtração. Se tem algo que a Huis Clos não pratica é o excesso. É assim na relação com os estilos, quando a roupa até sugere, mas evita abraçar inteiramente algum deles, e é assim quando os elementos vão sumindo até restar apenas aquilo que importa ao propósito traçado para a estação. Desta vez, a grife diminuiu das próprias reservas e passou ainda mais comedida. O que, no caso, tem pouco ou nada a ver com falta de apelo. Vide a beleza dos desenhos criados pelos decotes e comprimentos curtos que estabelecem acessos discretos e elegantes ao corpo das garotas. Belos vestidos com volumes nas mangas, calças soltas do corpo e mistura de materiais estão entre os pontos fortes. Os comprimentos mídi são difíceis.

Osklen
 
A Realeza negra, ou the Royal Black, é uma homenagem da Osklen à estética da cultura negra no Brasil. Outra marca econômica nos efeitos e inventiva nas soluções, a Osklen passa longe dos clichês e adota a sugestão como fio condutor, evocando, através de tecidos e formas luminosas, imagens que falam dos registros de um Pierre Verger na Bahia. Nada literal, nada político. Tudo é amplo, confortável, fácil, beirando o natural, não fosse, é claro, o desenho tão sofisticado e planejado para parecer assim. Ao final do desfile, bela estampa colorida e com pequenos pontos em dourado.

Colcci
 
Inspirada nos anos 1970, mas mantendo a referência sob controle, a Colcci, surpreendentemente, dirigiu o olhar para o que a década tem que é urbano e elegante. Evitando o repertório hippie, a passarela ficou recheada de shorts mínimos e calças longas e amplas para as garotas, e blazeres bem proporcionados e soltos para os rapazes. A estamparia é a pontual, com listras e poás em meio a cores lisas e algum branco. A marca mantém a linha de internacionalização da apresentação, com Ashton Kutcher e Alessandra Ambrósio abrindo o desfile e styling de Victoria Young, que é diretora de moda da revista Love.

Fonte: Usefashion

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